quinta-feira, 4 de julho de 2013

Pedras que jogam... com o Destino


Foto de Helena Aguiar (2013).

Quem passar pelo Páteo Dom Fradiquedo, encontra um tabuleiro de jogo inscrito em pedra. Não são raros semelhantes exemplares, conhecendo-se vários implantados, inclusivamente, em edifícios. No presente caso tal não sucede.
Pela sua configuração, trata-se da representação do jogo do Alquerque,
"um jogo de tabuleiro para dois jogadores, praticando-se num tabuleiro quadrado de cinco por cinco casas, entrelaçadas por diversas linhas ou caminhos por onde as peças se deslocam. [...] A sequência das várias jogadas têm como objectivo capturar todas as peças de um dos jogadores, as quais se eliminam saltando por cima com uma peça do jogador contrário. É o primeiro jogo conhecido em que se utiliza esta forma de eliminar ou “matar” as peças, depois muito desenvolvida no Jogo das Damas."(1)
Neste vídeo se recorda, em Monsaraz, como se joga em público: https://www.youtube.com/watch?v=tQuVaRQ-llk

Muito embora notado, estudado e conhecido, estranhamente o exemplar deste pátio lisboeta - a carecer da devida recuperação e limpeza pela CML - permanece votado ao abandono, sem conhecer um destino à altura.

Já Lídia Fernandes e Edite Alberto (2009) alertaram para a necessidade de se proceder a um levantamento a nível nacional das pedras de jogo existentes, uma missão a que se entregou o projeto História dos Jogos em Portugal, financiado pela FCT.

Alertamos para que o Museu da Cidade a recolha e a incorpore no seu acervo.





(1) FERNANDES, Lídia et ALBERTO, Edite (2009). "Sobre os jogos gravados em pedra do distrito de Castelo Branco". In ACAFA, n.º 2, p. 25. http://www.altotejo.org/acafa/docsN2/Jogos_gravados_em_pedra_do_distrito_de_Castelo_Branco.pdf )
Apontamos ainda a obra de L. Fernandes Tabuleiros de Jogo Inscritos na Pedra: Um roteiro Lúdico Português.

Loteamento de património na Colina de Santana

Ala do hospital de S. José.
S. José, Santo António dos Capuchos, Santa Marta e Miguel Bombarda são os quatro hospitais que têm projetos de loteamento disponíveis para consulta pública de 1 a 10 de julho de 2013 (v. aviso de publicitação pública de projetos nº 83/2013 da CML).
Extinta a sociedade dos Hospitais Civis de Lisboa a 20 de fevereiro - no mesmo ano em que celebraria o primeiro centenário da sua existência - a sua situação volta a estar em destaque.

Não obstante se atender à salvaguarda dos imóveis classificados, ainda assim vários edifícios vão ser demolidos (o que inclui todo o edifício referente ao Instituto de Medicina Legal) para dar lugar a outros novos. Colocam-se algumas questões essenciais:

  • o que ficará patente ao público; 
  • qual o novo uso que será atribuído, concretamente, a cada espaço (nem tudo está claro); 
  • de que forma se garante a salvaguarda do património hospitalar e a disponibilização pública da memória da atividade hospitalar nesta colina; 
  • por que motivo não se atendeu aos projetos de requalificação da Colina de Santana elaborados e apresentados pela Universidade Técnica de Lisboa. 

É particularmente abundante o património classificado no que constitui, presentemente, o Centro Hospitalar de Lisboa - Zona Central. Veja aqui a listagem: http://www.chlc.min-saude.pt/content.aspx?menuid=458&eid=639&returnUrl=%2Fcontentlist.aspx%3Fmenuid%3D458


Alguns alertas lançados previamente que ficaram em cima da mesa e que aqui recordamos:
ICOM-Portugal (Internacional Council of Museums) - http://www.icom-portugal.org/multimedia/ICOM-PatrimonioHospitalaJan11.pdf

Propostas para a preservação da paisagem na colina de Santana - http://icomos.fa.utl.pt/documentos/2011/hospitais/CCamarinhasMPereira.pdf

Cidadania LX - http://cidadanialx.blogspot.pt/2012/09/da-saude-para-o-conhecimento-colina-de.html

Pormenor da igreja de St. António dos Capuchos.
Algumas peças que integram a coleção de figuras de Cera patente ao público no hospital dos Capuchos.